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A Jornada do meu Amadurecimento

Eu queria peito mas não tinha mais. A competição de meu irmão mais velho pelo amor de nossa mãe frustou-nos ambos e eu fui desmamado antes do que eu queria. Adoro seio e sempre mamei em minhas namoradas. Encantei-me com a mãe da Kelly que amamentou as filhas até cerca de quatro anos de idade, algo que minha própria mãe abomina como sem-vergonhice de criança que despirá a mãe a qualquer momento para mamar. Minha esposa pensa como minha mãe. Meu sonho é que minha criança mais velho (filho ou filha) mame no peito junto da mais nova: criança e neném mamando juntos. É uma realização que não virá, certamente, pois não posso obrigar minha esposa a amamentar. Especialmente aqui na Holanda, onde as mulheres rapidamente voltam ao mercado de trabalho e usam a ordenha para alimentar as crianças com mamadeira. Ainda mais considerando o fervor com o qual minha esposa se dedica ao trabalho, quase obcecadamente. Sugava os seios da Carina em nossos quinze anos. Chupava os peitos da Kelly em nossos vinte e pouco anos. Tomei leite dos seios de Lara em meus quase trinta anos. Casei com a Eliana e seus bicos invertidos, para minha surpresa e contida decepção. A única mulher em minha vida, além da minha mãe, que me recusa os seios. Lidar com sua rejeição é difícil, pois geralmente eu o faço afastando-me e insensibilizando-me. Quero ter seios para não depender da Eliana para sentir-me amado, acolhido, protegido e abençoado.

Durante a infância, eu e minha irmã éramos muito unidos. Brincávamos juntos, tomávamos banho juntos, andávamos de patins, de bicicleta, éramos melhores amigos de um casal de irmãos. Um dia, no quintal de casa, minha irmã mostrou-me seu clitóris, pois acabara de descobri-lo, seu "olho" na periquita. Em um certo dia, meus pais sairam para fazer compras e nós três fomos brincar na piscina. Meu irmão insistiu persistente que brincássemos pelados. Por qualquer motivo, não queríamos, mas fomos vencidos. Quando meus pais chegaram e viram as sungas e biquíni jogados no chão do quintal, chamaram meu irmão em particular para algum sermão ou bronca (que eu nunca soube qual). Era comum brincarmos pelados, mas estávamos crescendo e o primeiro sinal disso era meu irmão fechar a porta do banheiro. Não entendia o motivo. Um certo dia, eu estava fazendo cocô no banheiro social quando chegou minha tia. Desesperei-me para minha mãe fechar a porta do banheiro antes de atendê-la.

Minha irmã também experimentou essa mudança. Em sua adolescência, rompemos os laços. Ela viva trancada em seu quarto. Talvez não fosse fácil para ela ser a caçula com dois irmãos meninos e ela a única menina. Em sua adolescência, porém, afastou-se também da prima de idade mais próxima. Isolou-se. Experimentou diversas fases dark. Em uma dessas fases, ela usava saia jeans. Depois de crescida, foi a roupa mais feminina que já a vi usar. Eu deixei meu cabelo crescer nessa época e tentei um visual mais dark num Natal em família (com correntes no pescoço). De uma certa forma eu e a Natasha tivemos uma certa conexão naquele Natal, por ambos ousarmos aquele estilo. A lista de música, porém, que ela escolhera, era dark demais para o Natal e foi rapdiamente rechaçada pelos primos, mais velhos e festivos. Em retrospecto, imagino a rejeição que ela sentira.

Seguimos nossos caminhos e eu dificilmente me perdei após saber o quanto magoei minha irmã em nossa juventude quando a engava a respeito de querer brincar com ela. Eu não conseguia dizer não, por não saber lidar com a situação negativa que se sucederia; então, eu postergava. O "não" implícito era mais fácil de lidar porque havia alguma desculpa atrás da qual me esconder (estou casado agora que já brincamos demais primeiro da brincadeira que eu queria) e ela lidava sozinha com sua decepção sem me atormentar. Eu não lhe causava mágoa por uma escolha ativa minha, mas por uma escolha passiva, o que parecia me isentar da responsabilidade. Quando concluí o mestrado e precisei encarar escolhar ativas na minha vida, precisei de uma psicóloga. E mesmo assim, ainda tenho uma dificuldade gigantesca para escolher ativamente. Meu modus operandis é aguardar eu juntar informações suficientes para sentir-me seguro da escolha, ou seja, quando racionalmente posso justificar a escolha. Quando não tenho essa massa crítica, deixo-me levar pela vida e caminho com o vento. O que eu quero da minha carreira profissional? Quero construir um robô para explorar os cosmos! Quero construir uma máquina que leia os pensamentos! Quero desenvolver uma teoria que permita colher energia das curvas do espaço-tempo para a huminidade dominar as viagens interplanetárias. Eu trabalho com software em uma companhia enorme na qual minha contribuição é uma pequena parcela. Não estou disposto de abrir mão da segurança que esse emprego oferece para arriscar tudo em meus sonhos dos quais não faço a mínima ideia de como obterei uma renda. Eu queri o papel de Arquiteto de Testes? Não, mas eu me moldo às oportunidades que surgem e experimento para descobrir se gosto ou não (apesar de não necessariamente eu saber relacionar uma eventual frustação com a situação na qual eu me meti).

Meu pai era muito conectado com os filhos. Com nós três. Brincávamos à beça. Parece que na mesma medida em que minha irmã se afastava da família, meu pai se perdia. Ele também nunca soube dizer não ativamente. Manteve um relacionamento extraconjugal com sua ex-noiva desde quando casou com minha mãe. Teve duas filhas nesse relacionamento extra e soubemos disso apenas quinze depois. As meninas têm a mesma idade que nós. Não conheço e nem sei seus nomes. Por volta dos meus quinze anos, meu pai saiu de casa para separar-se de minha mãe em uns dois e mudar-se para o sul de Minas Gerais. Naturalmente, mas não conscientemente e tampouco saudavelmente, nos afastamos. Minha mãe criou a nós três a partir de então com a pensão que meu pai pagava e com o que rendia a empresa de terceirização de limpeza. Ela fez um ótimo trabalho em isolar os problemas de sustento da casa dos filhos. À medida que meu irmão se formava na universidade e iniciava sua vida profissional, minha mãe fê-lo assumir algumas contas da casa. como o aluguel da república onde morava em São Paulo. Naturalmente, fiz o mesmo quando comecei a estagiar no meu terceiro ano. De resto, eu podia focar-me 100% nos estudos e nos meus próprios dramas pessoais. Todos nós três nos formamos na USP, o que coroa os esforços de minha mãe em nossa criação.

Durante sua adolescência, minha mãe obrigou-nos a praticar alguma atividade física. Eu escolhi kung fu, meu irmão capoeira e nos dedicamos assiduamente à prática. Minha irmã começou no kung fu, mas sem motivos justificáveis, parou. Fez capoeira também, mas não por muito tempo. Será que foi uma maneira de tentar se conectar com os irmãos? Ou será que apenas reforçou uma cisão entre nós? Ela se desenvolveu nas artes plásticas então. E eu a acompanhei. Enquanto ela estudava o tema, eu apenas o explorava sem maiores embasamentos técnicos.

Por algum tempo, um ano talvez, nós três moramos na mesma república e dividíamos o mesmo quarto. Minha irmã deve ter sofrido muito por dividir o único banheiro do apartamento com mais quatro homens. Ainda não nos entendíamos muito bem, mas a situação piorou porque eu roncava, como sempre ronquei, a minha irmã não conseguia dormir. Ela ficava me cotucando com o berimbau do meu irmão e seu humor apenas piorava. Eu também não gostava nem um pouco da situação. Mais uma vez, minha irmã se afastou e foi morar com sua namorada. Aos poucos, o nosso relacionamento foi melhorando e o primeiro comportamento de rejeitar a Aline, sua namorada e atual esposa, cederam lugar a uma amizade.

Tive três longos relacionamentos amorosos. Com a Carina, com a Kelly e com a Eliana, minha esposa. Basicamente, em todos eu fazia juras de amor eterno e pensava ser o relacionamento para uma vida toda. Inconsequentemente eu sonhava com um barrigão de grávida na Carina. Eu tinha certeza de que passaria minha vida com a Kelly e teríamos nenéns quando ela se sentisse pronta. Por não saber dizer não ativamente, traí a Carina e ela finalmente me deixou livre. Eu já não queria o relacionamento, mas essa maneira imatura e covarde foi a única forma que aconteu para terminarmos. A Kelly tomava contracepcional e o nosso sexo era muito gostoso e espontâneo e quisto por ambos. Mas, ela não queria que o relacionamento se tornasse mais sério e após ela ingressar no mercado de trabalho, abandonou-me. Fiquei bem mal por muito tempo e só após muito sexo casual e vazio, encontrei uma gaúcha por quem me apaixonei. Ela era muita nova e não quis nada sério, apesar de minha investidas, mas pelo menos descobri que eu ainda tinha a capacidade de me apaixonar. Apareceu, então Eliana. Foi explosivo! Relacionamento conturbado desde o começo, mas pelo motivo que ninguém explica, ardia uma certeza de somos o companheiro de vida um do outro e casamos.

A primeira tensão entre nós foi quando começamos a namorar: ela não tomava anticoncepcional e ninguém gosta de camisinha. Acabamos transando sem preservativo e mesmo sem eu ter ejaculado dentro de sua vagina, seu receio de engravidar era enorme (pois, não sabia eu na época, ela tivera um aborto). Ela tomou a pílula do dia seguinte e no dia seguinte eu ejaculei em sua vagina. Ela se sentiu ultrajada e enganada, mas para mim era apenas o benfício da pílula que ela tomara por precaução. Outro momento de tensão: Andrey, você é gay? Não, Eliana, eu não sou gay. Tem certeza? Sim, eu já experimentei relações sexuais com outro homem e tenho certeza. Ela tivera uma grande decepção com um relacionamento recentemente anterior em que o parceiro hospedou-se em sua casa por duas semanas e nunca se aproximou dela. Ela se sentiu usada por ele para ele mostrar à família dele que não era homossexual e que tinha uma namorada gostosa. Eu não entendia o que ocorria, mas confiava em mim e confiava nela. Outro ponto de tensão: Natal na casa da minha mãe. Foi uma trincheira silenciosa. Eliana sentiu-se não acolhida por minha família, ficou de mau-humor; minha família não gostou do comportamento dela e criou-se uma animosidade entre elas (essencialmente entre Eliana, minha mãe e minha irmã). A muito custo, elas se acertaram. Eliana sempre cobrou que eu resolvesse a situação porque em seu entendimento eu a criara. Mas para mim, elas que se meteram naquilo e competia a elas se resolverem. Na época, a rixa ainda existia e o casamento não foi abençoada nem por minha mãe e nem por minha irmã. Quando nos mudamos para a Holanda, Eliana conseguiu fazer as pazes com a minha mãe. Outro momento de tensão: Eliana sugeriu que eu escrevesse uma carta para a minha mãe dizendo como eu me sentia. Na época, meu relacionamento com minha mãe estava conturbado e eu não me sentia bem nele. Comprei a ideia da Eliana de que deveríamos ser uma família amorosa em que conversássemos sobre sentimentos e escrevi a carta. Desastre total. Minha mãe e minha irmã odiaram-me e sentiram-se profundamente ofendidas. Não somos uma família que fala abertamente sobre sentimentos. Porém, anos mais tarde, o relacionamento com minha mãe melhorou e encontramos abertura para essa modalidade, o que muito me alegra. Tensão novamente (nada aqui está em rigorosa ordem cronológica): Eliana me aproxima de meu pai. Tive apendicite aguda no nosso segundo Natal em família e fiz uma operação de emergência. Eliana insiste para meu pai, que se mudara para Campinas, visitar-me no hospital. Refizemos as pazes e choramos. Isso proporcionou uma aproximação de mim com meu pai e sua atual esposa (que minha mãe detesta, pois crê que em sua ciência do compromisso de meu pai com minha mãe e mesmo assim inciara o relacionamento com ele). E na mesma medida, afastou-me de minha mãe e de minha irmã. A cartada final veio no terceiro Natal, antes de mudarmo-nos para a Holanda. Fiquei mais tempo na casa de meu pai porque de última hora Eliana decidiu passar o Natal em Campinas ao invés de Ilhabela (talvez eu tenha sugerido essa ideia). Eliana não queria que minha mãe soubesse que ela estava em Campinas para não criar um clima chato, mas eu tinha certeza de que se não desse atenção à Eliana durante sua estadia em Campinas, ela faria um drama no relacionamento. Então, fiquei mais tempo com o meu pai do que com minha mãe. Isso a desgostou profundamente e minha irmã decidiu excluir-me de sua vida. Talvez um fator que contribiu para sua decisão tenha sido o perdão: Andrey, irmão, você perdoou o pai? Sim. É porque você é homem, é fácil demais para você perdoar.. E nunca mais me fale para perdoar o pai.

Eu amo meu pênis. Ele é muito lindo. Muito mais lindo do que o pênis do rapaz com que me relacionei na praia. Deixei-o penetrar-me para saber o que a Kelly sentiu quando fizemos sexo anal. Eu quis chupá-lo para saber se eu seria tão bom quanto a Kelly. Não pude observar em detalhes seu pênis porque ele estava muito mais interessado em mim do que me deixar aprendê-lo. Mas meu pênis é mais lindo, em minha opinião. Há um que de inocência nele e um equilíbrio entre o quão ele pode retrai-se flácido, rememorando uma fase de infância, e crescer quando duro entumescido. Eliana diz perceber a intensidade do meu tesão pelo tamanho de meu pênis dentro de sua vagina. Meu pai ficava pelado em casa naturalmente e cresci tendo esse conceito por natural. Uma vez a família inteira bricou nua na piscina quando éramos crianças. Eu, meu irmão e meu primo brincávamos pelados e tomávamos banhos juntos. Gosto de ficar pelado e acho natural. Por outro lado, há uma vontade em querer expor-me discretamente e quase por acidente (fingido) para os outros. E essa vontade eu não compreendo. Apesar de ser o mesmo assunto, ficar pelado, as motivações são outras. Em casa, no quintal, na praia, na natureza, quero ficar pelado e não sinto nem vergonha nem provocação sexual. É uma decisão sem embasamento racional. Viemos ao mundo pelados, debaixo da roupa estamos pelados, todos sabem como é o corpo masculino e femininos e seus orgãos genitais, então por que existe a necessidade imperiosa de escondê-los? Por outro lado, parece-me que quanto mais a Eliana rejeita a ideia, mais eu quero prová-la equivocada em sua rigídez de valores. Talvez eu queria provar que outras pessoas aceitam isso naturalmente e que nenhuma das pessoas que ela diz reprovarem meu comportamento nu irá, de fato, reprová-lo. Talvez por isso faça ioga nu na sacada de casa; mesmo que cedo, ao mesmo tempo torço para as vizinhas descobrirem e escondo-me para não ofendê-las nem afrontá-las. Atender a porta de cueca segue a mesma linha. Cueca é sunga. Por que na praia é aceitável e em casa não? Eliana detesta e sente-se profundamente ofendida e desrespeitada, mas eu insisto em meu comportamento sem entender sua real motivação. Eliana diz que meu exibicionismo é minha busca por aprovação e aplausos. Parece-me verdade. Quero a aprovação das pessoas, quero o amor das pessoas, quero a aceitação das pessoas. E acima de todas as pessoas, quero tudo isso da Eliana. A única que me reprova e rejeita é de quem mais anseio os aplausos. Talvez Eliana ainda esteja inconscientemente insistindo em ocupar o papel de minha mãe e enquanto ela dizer não, eu a desafio para testar seus limites e descobrir se ela me ama incondicionalmente ou não. Talvez eu busque o amor incondicional das pessoas.

Minha mãe diz e continua insistindo que meu problema é que eu me comporto no mundo como ele fosse o mesmo da minha torre de marfim. Você quer que todos se amem fraternalmente, Andrey. Mas a vida não é assim, meu filho. Porém, eu insisto porque esse é meu valor. Não é porque o mundo é doente que eu preciso adoecer. Eliana diz que eu quero forçar goela abaixo o meu modo de ser no outros. Ela se referia ao ser pelado, quero que todos me aceitem pelado forçosamente. Nunca aceitei seu argumento. Mas reconheço que quero forçar goela abaixo que todos devem amar-se uns aos outros incondicionalmente. Quando pernoitei sozinho na casa do meu irmão em São Paulo, dormi apenas com camiseta longa. Pela manhã, Lara, minha sobrinha de quase um ano e meio na época, veio com sua mãe me acordar. Fiquei com a menina e Kamilla foi fazer o café da manhã. Propositalmente, mas como se eu apenas tivesse me mexido e camiseta se levantado um pouco, deixei meu pênis à mostra. Talvez eu quisesse mostrar meus piercings no pênis, talvez eu apenas quisesse testar até onde vai o amor da minha cunhada por mim. Enquanto que crianças nuas juntas é aceitável, qualquer nesga da parte do corpo coincidente com um órgão sexual à vista de um adulto é motivo para alarde, especialmente perto de uma criança. A justificativa são precedentes de abuso sexual de menores, inclusive entre familiares. Muito educadamente, Kamilla volta à cozinha e chama meu irmão, seu marido. Eles conversam entre si e eu me controlo para continuar meu experimento. Meu irmão vem, discretamente observa a cena, conversa comigo naturalmente e finalmente diz "cobre isso daí, bro". Durante o almoço, peço desculpas e elas me parecem aceitas. No entanto, meses depois a Eliana sabe através da minha prima Izes que e a Kamilla ficou abismada com a situação, contou não sei para quem e para quem e jamais confiaria a Lara novamente sozinha comigo. Custei a entender minhas motivações com o experimento e para entender e aceitar seus resultados. Nunca consegui explicar-me à Eliana, que ficou bastante transtornada. E penso que se eu disser que foi para avaliar o limite do amor daqueles que me são próximos, ela daria risada e zombaria de minha inocência e imaturidade. Talvez pelo tabu sexual vigente na nossa época, expor meu pênis seja a maior provação para descobrir se sou aceito e amado incondicionalmente ou não. Se eu posso ficar nu na sua frente sem provocar desrepeito a nenhuma das partes e ser aceito tão naturalmente quanto se eu estivesse vestido, então nos amamos incondicionalmente. Fiz isso com minha mãe, quando adultos fomos nós dois com nossa cachorra Mikaela para a praia. Eu ficava nu na frente da minha mãe, perguntei-lhe se a ofendia e ela naturalmente disse que não. Fiz isso com minha prima Izes quando viajamos nós dois pela Europa. Dividíamos a cama de casal da hospedagem e na primeira noite eu tirei a calça, ficando apenas de camiseta. Conversamos sobre, pedi desculpas porque deveria ter conversado antes de fazê-lo, mas ela aceitou minha nudez plenamente. Eu pude perguntar-lhe se ela achava que eu devesse depilar todos os meus pêlos pubianos ou não, pude mostrar-lhe de perto meus piercings, ela comentou com suas amigas, rimos e pronto. Agora, casado, ela dá sinais de que reprovaria a atitude, por consideração à minha esposa que reprova o meu comportamento. Fiz isso com os primos da Kelly, quando morávamos juntos na república. Para a prima, eu tomava café e me arrumava de manhã apenas com a camiseta, não me importando se quando eu fosse pegar o Toddy na prateleira de cima a camiseta descobrisse meu pênis e ela pudesse vê-lo. Uma vez, estando apenas eu e o primo, sai do quarto completamente nu para atender o interfone que ele dissera ser para mim. Depoir conversei com ambos separadamente. A prima disse não ter problema algum, o primo disse que de camiseta tudo bem, mas totalmente nu não. Pedi desculpas. A Kelly abominava a situação e ficava brava. Uma vez, enquanto nadávamos na piscina do condomínio, sua irmã sentou-se na cadeira de sol com saia e sua calcinha branca era visível a nós. A Kelly mergulhou minha cabeça na água para avisar à irmã da calcinha. Desnecessário, porque para mim aquilo apenas significava que tínhamos plena confiança e respeito entre nós e não havia conotação sexual de minha parte. Pernoitando na casa de um colega em SP, novamente dormi apenas de camiseta e deixei o lençol um pouco abaixo da cintura, mostrando parte do meu bumbum. A namorada dele acordou cedo, eu dormia na sala, fingi-me dormindo e deixei ao acaso ela perceber meu bumbum ou não. Tenho a sensação de que ela comentou isso com ele e ele ficou muito bravo, pois nunca mais nos falamos apesar de eu ter mandado uma mensagem despretensiosa com uma pergunta a ele sobre qualquer assunto que não fosse totalmente fora do contexto de nosso relacionamento. Eu continuo testando as pessoas, confrontando-as com o sexo versus o amor. Ir à praia de cueca boxer com os amigos, por exemplo. A última vez foi quando fui tirar a sunga para colocar o shorts. Tentei cobrir-me com uma toalha de piquenique, mas na hora de subir o shorts a toalha caiu e não fiz maiores esforços para garantir a minha privacidade. Apenas subi o short rapidamente e ajeitei o pênis dentro do shorts para seu lado certo (o que eu gosto, não o que ele fica). Tenho certza que uma das meninas presentes conseguiu bisbilhotar, mas em nada isso alterou qualquer interação nossa. Lembro também de ter crescido em mim o desejo de ficar nu na frente da Laira. Exprimi meu desejo e ela recusou permissão. Fiquei envergonhado.

É por isso que tenho dificuldade de fazer amigos? É por isso que não tenho melhores amigos para sempre? Julguei a Eliana ciumenta, controladora e super-protera com sua intimidade a ponto de isso impedi-la de cultivar amizades. Eu exijo amor incondicional e coloco a amizade numa prova de fogo através da aceitação de minha nudez. A única forma que eu sei de criar e cultivar um relacionamento íntimo é através do sexo? Eliana não supre o papel de melhor amiga para mim porque ela julga demasaidamente todas as minhas palavras, conversas e atos. É impossível expressar minhas ideias ou confabulações mais íntimas porque ou ela se demonstra totalmente desinteressada, ou se mostra juíza implacável. E não sei buscar amizades, por mais que anseie. Nem com minha mãe, pai e irmãos consigo alcançar o nível de honestidade e segurança para abrir-lhes meu coração sem defensas. Depois de todo o escândalo que ter saído de saia causou, entrevi e experimentei um fresta dessa intimidade com eles, o que talvez eu deva aproveitar para cultivá-la. Creio que começar por dentro de casa é o melhor caminho. Mas, como?

Isso é uma parte. Há a outra parte. O querer ser mulher. Na verdade, o querer ter os órgão sexuais femininos.

A Eliana não é a mulher com mais libido com quem eu já namorei. Quer dizer, no namoro ela se apresentava com libido, mas aos poucos mostrou-lhe muito mais rendida ao estresse e preocupações do que o que eu julgo saudável para manter um equilíbrio nas diversas facetas da vida. E sua libido sofre, minguando. Transamos em seu período fértil e quando ela se apieda de uma ou outra investida minha fora dele. A qualidade do sexo sempre me preocupou, porque eu sentia não termos as transas intensas a que eu estava acostumado com a Kelly. Aprendi a aceitar as rapinhas como algo aceitável. Aprendi que minha linguagem do amor é o contato físico. Para a Eliana, isso em parte significa apertar espinhas e cravos (o que eu detesto). Não. É carinho, especialmente no bumbum. É acolhimento ao seio, carícias, um abraço longo, beijos. Adoro fazer amor beijando e é um sacrifício conseguir isso da Eliana. Acostumei-me a refletir a Eliana na cama: gozar silenciosamente sem demonstrar ao outro. Nunca desejei isso, mas comprometi-me com a Eliana e moldei-me a ela. Não posso beijar-lhe ou chupar-lhe a vagina porque ela fez xixi e não se lavou. Não posso mamar-lhe os seios porque eles estão fedidos (por serem invertidos, acumulam suor e nem sempre ela os lava no banho). Às vezes ela os limpa com cotonete e Listerini. Sempre fui carinhoso na cama e sempre achei de muito mal tom ela dizer "me come de verdade" de vez em quando. Estou fazendo o que até agora, então? Sinto-me desrespeitado e agredido. A Eliana é autoritária e controladora e eu cedi em alguns aspectos para preservar o relacionamento, mantendo-me em suspensão criogênica até ela despertar para um crescimento no qual nos tratássemos melhor nesses aspectos específicos. Creio que essa estratégia tem efeitos colaterais que desconheço e que, talvez, aos poucos eu descubra.

Quando eu era adolescente e pensava que nunca teria uma companheira, sonhava em ter uma pantera em substituição. Dormiríamos juntos na cama, faríamos amor. Uma felina sensual para mim. Talvez durante minha fase de fossa emocional depois do término que a Kelly fez, eu tenha deixado nascer ou se fortalecer a ideia de que eu preciso me bastar. A Eliana em seu discurso não desejava filhos e sempre que eu lhe beijava o ventre e a periquita falando com meus futuros nenéns, ela rechaçava até não se importar mais. Porém, em público, ela continua tirando sarro dessas investidas. Comecei a desejar ter uma vagina, útero, ovários e seios. E experimentei dar vazão a essas ideias.

E Eliana reclama da minha falta de ciúmes, mas não reconhece o meu declarado ciúme de seu trabalho. Ela se dedica de corpo e alma ao seu trabalho e aos seus clientes. A todo momento ela está resolvendo algo do trabalho. Penso que seu estresse atrapalha-lhe o sono e ela aproveita para pesquisar mais sobre o seu trabalho. Itens a comprar, penteados da moda a se atualizar, zapeando o celular até tarde da noite (o que não ajuda o sono dela). Agenda cheia, reclama a falta de tempo, reclama o inglês ruim (que na verdade é ótimo e a possibilita atender cliente de qualquer nacionalidade), pula almoço, chega tarde, preguiça para se exercitar, paga personal treiner para não aproveitar todas as aulas, quer emagrecer para não aumentar tanto o peso na gravidez, pensa no logo do salão no café da manhã, cobra-me a mesma avidez que a dela em assuntos relacionados ou ao meu trabalho ou à parte do trabalho dela que eu ajudo (financeiro), não é decisiva em fechar em sua agenda e a não ser que eu planeje uma viagem, ela não ficará à toa em casa se pode estar trabalhando para ganhar dinheiro. Cuida da casa, faz comida para nós, faz compras. Está pensando em abrir a agenda na segunda-feira também, à tarde, porque ela não consegue render em casa nos estudos, a sensação de procrastinação a oprime. Compramos um celular para exclusivo para o salão para o atendimento das clientes que ela deveria manter no salão para não se ocupar em bajular as clientes fora do horário comercial. Em poucos dias começou a trazer o celular para a casa. Ela talvez anseie que eu a obrigue certas decisões e comportamentos, como por exemplo não responder às clientes. Mas eu prefiro que ela aprenda a escolher quanta atenção dedicar ao trabalho e quanta atenção ao casamento. Sinalizo, sugiro reflexões, um tanto quanto em vão por ora.

Talvez pela ausência de minha esposa, não fisicamente, mas emocionalmente, eu tenha alimentado o desejo de ser mulher para suprir-me a falta. Se eu me masturbo e ejaculo, eventualmente esse desejo arrefece. Experimentei me masturbar sem ejacular par usar essa energia na construção de algo diferente do que expelir esperma, e culminou com meu passeio pelo quarteirão vestindo uma saia da Eliana.

O problema é que essas incursões no mundo feminino estão frequentes e a Eliana já declarou seu repúdio. Da última vez, disse que estava tudo sob controle. Logo após uma incursão que resulta em catástrofe para o casamento, a energia toda se dissipa e é fácil dizer que está sob controle. Mas a energia volta a acumular sorrateiramente e ganha espaço a troco de auto-ilusões até eclodir em nova catástrofe. O que talvez tenha nascido de uma ferida no coração estraçalhado, seja agora uma via de sinalizar deseperadamente que o casamento caminha na direção errada. Há um desequilíbrio importante no relacionamente que demanda atenção e cuidado e que está sendo negligenciado. Eu e a Eliana somos diametralmente opostos, mas nem por isso eu não acredito na possibilidade de compreensão e satisfação mútua. Mas enquanto a Eliana só faz exigir e só faço resignar-me pacientemente, as principais diferenças entre nós permanecem ocultas às vistas.

A Eliana demonstra em sua fala uma certeza convicta de que sou gay e quer que eu descubra o quanto antes para livrá-la da frustação. Por mais que eu afirme minha heterossexualidade, ela teima em sua verdade.

Talvez eu deseje um corpo hermafrodita para ser autossuficiente. Para evitar frustações? Para conseguir tudo o que me é necessário dentro do meu próprio mundo? Não consigo convidar a Eliana a conhecer meu mundo, quero dizer, ela recusa os convites e o tanto quanto já vê a decepciona. Não consigo abandonar o meu mundo interior, por mais que a Eliana brigue e esperneie e faça drama e cobre e mande e exija. Eu busco um meio-termo, Eliana demanda a minha renúncia e acatamento (cego, da maneira como eu percebo; decisões a dois, consideração à opinão da esposa, no ponto de vista dela). Eu me moldo à ela e renuncio o tanto quanto me é possível, às vezes mesmo sem ter ciência plena das consquências, que podem ser danosas. Mas há limites que o auto-respeito me indicam. Competimos por poder dentro do casamento? Ou talvez queiramos um domar ao outro? Ou a Eliana quer atravessar limites que eu não permito ao mesmo tempo em que não se aproxima pelas vias que deixo convidativamente preparadas?

Sair de saia provocou um abalo sísmico no casamento. Alguns sinais eram visíveis: minha ansiedade fomentada pelo Instagram, zapeando a esmo e fissurado por posts de amamentação materna (seios! nenéns! mamar! tentava me realizar através da fotos dos outros) e também minha rendição quase contida, mas frequente, por pornografia online. Por que negligenciamos assuntos tão importantes que demadaram um terremoto para virem à superfície? Meu ponto de vista é que a Eliana defende o status quo de sua psique com muita voracidade e eu sou delicado demais para forçá-la a uma mudança. Pergunto, mas não encontrando abertura, recuo. Estamos em desequilíbrio e sair de saia foi a maneira de chamar a atenção a isso. Poderia ser de alguma outra maneira, mas dada a constituição de cada um de nós dois, nossa história, nossos valores, nossa rixa de provocar um ao outro até o limite, nossa necessidade de explorar os limites do relacionamento para descobri-los, foi sair de saia a expressão do pedido de socorro.

A intensidade da minha energia sexual seria o desejo (talvez reprimido pela Eliana e sua aparência de negar-me esse desejo: ela coloca muitos empecilhos imaginários à engravidarmos, ou diz aceitar um só e eu que me contente com uma só criança) de desejar nenéns! O ápice da minha criação artística! E, infelizmente, ter um cúmplice na vida, alguém que me ame incondicionalmente... não quero incutir essa responsabilidade à minha prole. Além do que, me parece que eu e Eliana continuaríamos disputando o poder do relacionamento através das crianças. Isso é vexatório. Eu posso admitir diversas situações adversas que não atenuam os benefícios da vida a um ser, apesar de imporem desafios; mas disputar o poder através de uma criança é algo que desejo intimamente evitar ao máximo.

Minha estratégia para construir os limites de um relacionamento e harmonizar as diferenças reside essencialmente em muita paciência para esperar o outro amadurecer algum aspecto que necessite, mente aberta para receber as críticas e fazer uma auto-avaliação, discernimento para distinguir o que é útil e o que é ataque gratuito e educação para sugerir reflexões ao outro. A Eliana faz-me duvidar intensamente de mim mesmo!

Saído da fase da paixão, o casamento está mais para um campo de guerra que uma parceria na qual um complementa o outro e ensina através do exemplo, valorizando os aspectos positivos um de outro, admirando-os e respeitando as diferenças que invariavelemente existirão.

O limite para quanto diferença um casamento pode suportar é porporcional ao desejo íntimo de cada qual de enfrentar-se e olhar-se sem a ilusão do ego.

Até quando eu vou esperar a Eliana fazer a sua parte? Eu não sei. Mas enquanto espero, e eu sou muito paciente, farei a minha. Como amadurecer o meu arquétipo Inocente? O que preciso escolher deixar para trás para alcançar a sabedoria que ele carrega em si? Isso ajudará em meus relacionamentos, amizades e casamento? Como lidar com minha energia sexual? Como libertar-me de minha torre de marfim? Eu preciso sentir genuíno interesse e respeito da outra parte para me abrir.

Eu e a Eliana continuamos a minha briga com a minha mãe. Sonhador versus realista. Idealista versus empirista. Possibilidades versus certeza. Ela quer provar-se certa e eu errado; eu quero primeiro ser respeitado em minha posição para depois ouvir os argumentos dela. Ela não admite a possibilidade de existência do meu mundo; eu quero ser aceito para depois adaptar-me em parceria com ela, tão experiente no concreto com contribuições valiosas para mim.

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